A negativa de cobertura para cirurgias por parte dos planos de saúde é uma das situações mais angustiantes enfrentadas por pacientes que precisam de tratamento. Essa problemática tem se tornado cada vez mais comum, levando muitos a buscar informações sobre seus direitos e sobre como agir quando se deparam com uma negativa. Este post explora as razões para tais negativas, suas implicações e como proceder para reverter essa situação.
As operadoras de planos de saúde costumam alegar diversas justificativas para negar a cobertura de cirurgias. Algumas das razões mais comuns incluem:
1. Questões Contratuais: Muitas negativas são baseadas em interpretações restritivas dos contratos, onde o plano entende que o procedimento solicitado não está coberto. Isso pode ocorrer, por exemplo, em casos de interpretação de cláusulas que limitam a cobertura a determinados tipos de procedimentos.
2. Divergências Técnicas: Algumas vezes, o plano sugere um tratamento alternativo que, segundo suas diretrizes internas, seria mais adequado. Essa divergência pode causar frustração, especialmente quando o médico assistente considera a cirurgia como a melhor opção para o paciente.
3. Cirurgias Estéticas: Procedimentos considerados puramente estéticos, sem uma indicação médica que justifique sua realização, geralmente são negados. No entanto, é fundamental diferenciar entre cirurgias estéticas e reparadoras. Por exemplo, a reconstrução de mama após um tratamento oncológico é uma cirurgia que deve ser coberta, pois não é apenas uma questão de estética, mas de saúde e bem-estar do paciente.
4. Procedimentos Fora do Rol da ANS: Quando a cirurgia não está listada no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o plano pode negar cobertura, mesmo que a necessidade do procedimento seja comprovada. Essa situação ocorre frequentemente com técnicas novas ou menos convencionais, que ainda não foram incorporadas à lista.
As cirurgias estéticas são frequentemente um motivo de negativa por parte dos planos de saúde. É importante ressaltar que nem todas as intervenções cirúrgicas que têm um componente estético devem ser automaticamente excluídas da cobertura. Cirurgias reparadoras, que visam corrigir deformidades ou lesões, devem ser cobertas. Por exemplo, a mamoplastia redutora em casos de dor e desconforto físico é uma cirurgia que deve ter a cobertura garantida, considerando a indicação médica.
Embora a ANS elabore uma lista de procedimentos obrigatórios, muitos tratamentos eficazes e modernos não estão incluídos. Isso não significa que o plano pode se isentar de cobertura. A lei estabelece que se uma doença está coberta, todos os tratamentos necessários, incluindo cirurgias, devem ser autorizados. A indicação médica deve prevalecer, independentemente da presença do procedimento no rol da ANS.
Para saber se o tratamento é coberto, você pode acessar o site da ANS, onde há uma lista atualizada de procedimentos. É importante também consultar seu médico, que pode ajudar a entender a necessidade do tratamento e fornecer a documentação adequada para contestar uma negativa. Além disso, você pode solicitar uma cópia do seu contrato de adesão ao plano, onde constam as coberturas oferecidas.
Além da negativa de procedimentos, é comum que planos de saúde também recusem a cobertura de materiais necessários para a cirurgia, como próteses e órteses. Mesmo que o procedimento seja autorizado, a negativa de materiais pode inviabilizar a realização da cirurgia, o que é considerado abusivo. O plano deve cobrir não apenas o procedimento em si, mas também todos os insumos necessários para sua realização, conforme a indicação do médico.
Diante de uma negativa, o primeiro passo é entrar em contato com a operadora para entender os motivos. Se a justificativa não for satisfatória, o paciente deve:
1. Reunir Documentação: Junte todos os documentos relevantes, como a negativa por escrito, relatório médico detalhado e comprovantes de pagamento do plano. Um relatório médico claro e bem fundamentado é crucial para respaldar a necessidade do tratamento.
2. Consultar um Advogado Especializado: Um profissional poderá avaliar se a negativa é abusiva e orientar sobre os próximos passos. Ele pode ajudar a preparar a ação judicial e a documentação necessária para a contestação.
3. Ação Judicial: Se necessário, o advogado pode entrar com uma ação judicial para garantir o acesso ao tratamento. Muitas vezes, é possível solicitar uma liminar para obter a autorização imediata do procedimento.
O processo judicial para contestar a negativa do plano de saúde geralmente envolve a apresentação de um pedido de liminar, que é uma decisão judicial provisória. Essa liminar pode garantir a realização do procedimento enquanto o processo principal está em andamento.
A liminar é uma ordem judicial que permite que o paciente receba o tratamento imediatamente, antes da decisão final do processo. O juiz avaliará a urgência e a fundamentação do pedido, considerando o risco que o paciente pode sofrer se a negativa for mantida.
O tempo para a concessão de uma liminar pode variar, mas muitas vezes a decisão é tomada em até 48 horas. Em casos urgentes, pode ser possível receber uma resposta no mesmo dia, garantindo que o tratamento não seja adiado.
Após a concessão, o plano de saúde é obrigado a autorizar o procedimento. O processo então segue seu trâmite normal, com defesa e possíveis recursos por parte do plano, mas o paciente já pode iniciar o tratamento.
É importante ressaltar que o paciente não pode sofrer retaliações, como o cancelamento do plano, por mover uma ação judicial. O acesso à justiça é um direito garantido, e o Judiciário tem sido favorável aos usuários na maioria dos casos. Assim, o paciente deve se sentir seguro ao reivindicar seus direitos.
A negativa de cobertura de cirurgia pelo plano de saúde é uma situação complexa, mas frequentemente reversível. Com a documentação adequada e o suporte jurídico especializado, é possível garantir o acesso ao tratamento necessário. Nunca hesite em buscar seus direitos e lutar pela sua saúde! O caminho pode ser desafiador, mas o respaldo legal e a determinação são fundamentais para superar essa barreira e assegurar o atendimento que você merece.