Nossa Missão
A prática médica exige, além do conhecimento técnico e do compromisso com a saúde do paciente, um cuidado constante com a conduta ética e legal.
No entanto, é cada vez mais comum que médicos enfrentam denúncias infundadas junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), muitas vezes formuladas por pacientes insatisfeitos, colegas concorrentes ou até por terceiros alheios à relação clínica.
Nessas situações, o profissional pode ter sua reputação comprometida injustamente, respondendo a processos que, mesmo improcedentes, causam abalo emocional, desgaste institucional e risco à sua carreira.
Neste artigo, como advogados especialistas em cassação do CRM, vamos explicar o que são denúncias infundadas, quais são os tipos mais comuns, como o médico pode se proteger e por que o acompanhamento jurídico especializado é fundamental desde o primeiro momento.
Confira:
O que são denúncias infundadas no CRM?
Quais são os tipos mais comuns de denúncias infundadas no CRM?
Denúncias infundadas no CRM: Como se proteger?
Infelizmente, não são raros os casos de denúncias infundadas, feitas de forma leviana, equivocada ou até mesmo com o intuito de retaliação.
Vamos começar?
Denúncias infundadas são aquelas que carecem de base legal, fática ou ética.
Muitas vezes, elas são apresentadas por pacientes insatisfeitos com o resultado de um procedimento, mesmo que tecnicamente correto, por familiares em situação de luto, por colegas de profissão movidos por rivalidade ou por outros agentes sem conhecimento técnico ou jurídico adequado.
Trata-se de acusações que não se sustentam sob uma análise criteriosa dos fatos e das normas éticas e legais.
Embora o Código de Processo Ético-Profissional do Conselho Federal de Medicina preveja o contraditório e a ampla defesa, o simples fato de responder a uma sindicância ou processo ético já representa um desgaste considerável, tanto profissional quanto pessoal.
Ainda que não gerem condenação, essas denúncias podem abrir sindicâncias ou processos disciplinares, obrigando o médico a se defender, apresentar documentos, prestar depoimentos e vivenciar um processo que causa impactos à sua imagem profissional e emocional.
Por isso, saber como se proteger é essencial.
Alguns dos exemplos mais comuns de denúncias infundadas incluem:
Alegações de erro médico sem base técnica
São casos em que o paciente ou familiar atribui ao médico a responsabilidade por uma complicação clínica, sem respaldo técnico ou sem perito assistente que aponte falha de conduta.
Muitas vezes, trata-se de eventos adversos esperados ou riscos já esclarecidos previamente.
Queixas por discordância de diagnóstico ou tratamento
Pacientes que, por insatisfação pessoal, formalizam denúncias ao CRM por não concordarem com a conduta médica, mesmo que esta esteja dentro dos protocolos aceitos pela comunidade científica.
Acusações motivadas por conflitos interpessoais
São denúncias feitas por terceiros (colegas de trabalho, ex-sócios, concorrentes ou até funcionários desligados) com motivação claramente pessoal, baseadas em relatos distorcidos de fatos ou insinuações sobre má conduta.
Reclamações genéricas sem fundamentação
Algumas denúncias são formuladas de forma vaga, sem qualquer prova concreta, como “o médico foi negligente” ou “me senti maltratado”, sem qualquer dado clínico, prontuário ou laudo que sustente a acusação.
Denúncias feitas para pressionar acordos judiciais
Há casos em que o paciente ou seu advogado apresenta denúncia ética paralelamente a uma ação cível ou indenizatória, com o intuito de pressionar o médico a um acordo extrajudicial, utilizando o processo ético como instrumento de coação.
A proteção contra esse tipo de exposição começa muito antes da denúncia acontecer.
Como especialistas, listamos a seguir as principais estratégias jurídicas e comportamentais de prevenção:
O prontuário médico é o documento técnico-legal mais importante para resguardar o profissional de saúde.
Ele deve refletir, de forma clara, precisa e cronológica, todas as etapas do atendimento, hipóteses diagnósticas, condutas adotadas, orientações dadas ao paciente e, principalmente, o consentimento informado.
Como se proteger?
Registre tudo de forma objetiva e legível
Descreva as queixas do paciente, exames solicitados, medicamentos prescritos, orientações verbais e decisões clínicas.
Evite termos genéricos ou omissões.
Em caso de negativa do paciente a um exame ou tratamento, registre expressamente a recusa.
Atualize o prontuário em tempo real
Evite fazer anotações retrospectivas.
Sempre que possível, registre imediatamente após o atendimento.
Isso evita dúvidas sobre a veracidade e a autenticidade das informações.
Inclua Termos de Consentimento Livre e esclarecido
Especialmente em procedimentos invasivos, tratamentos com riscos reconhecidos ou condutas fora de protocolo, o consentimento por escrito protege o médico e esclarece os limites terapêuticos ao paciente.
Registre divergências ou comportamento do paciente
Em casos de agressividade, não adesão ao tratamento ou comportamento que prejudique o cuidado, é importante fazer o registro técnico no prontuário, de forma ética e sem juízo de valor, demonstrando que o profissional atuou com prudência e diligência.
Em um processo ético-disciplinar, o prontuário é frequentemente a única fonte documental capaz de demonstrar a verdade dos fatos. Um documento completo e coerente muitas vezes basta para que a sindicância seja arquivada logo na fase inicial, evitando desgaste maior.
Do ponto de vista jurídico, o prontuário bem feito é sua melhor testemunha: ele não esquece, não erra e não altera a narrativa com o tempo.
A adoção de protocolos clínicos padronizados e o uso criterioso do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) são práticas que reforçam a segurança jurídica do atendimento e demonstram que o médico atua de acordo com os padrões éticos e técnicos da profissão.
Saiba como se proteger:
Protocolos clínicos: Padronizar condutas
Protocolos são documentos institucionais que definem critérios técnicos para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes, com base em evidências científicas e diretrizes reconhecidas.
A adoção de protocolos proporciona:
● Maior previsibilidade na conduta clínica;
● Uniformidade nos atendimentos, mesmo em equipe multidisciplinar;
● Registro da adesão às melhores práticas médicas;
● Base objetiva para defesa em sindicâncias.
Exemplo: Um protocolo de atendimento para dor torácica em pronto atendimento pode proteger o médico contra alegações de omissão, se estiver demonstrado que todos os passos indicados foram cumpridos.
Termo de consentimento: Registre o diálogo e a autonomia do paciente
O TCLE é o documento que formaliza a explicação ao paciente sobre os riscos, benefícios, alternativas e limites do procedimento ou tratamento proposto.
Sua função é registrar que o paciente foi informado, compreendeu e aceitou a conduta médica.
Esse termo é essencial quando:
● O procedimento envolve riscos previsíveis;
● Há opções terapêuticas com efeitos adversos importantes;
● O paciente expressa dúvidas ou hesitações;
● A intervenção é inovadora ou fora dos protocolos usuais.
O consentimento deve ser:
● Escrito com linguagem acessível;
● Assinado por ambas as partes;
● Anexado ao prontuário;
● Personalizado, e não um modelo genérico.
Tanto os protocolos quanto os termos de consentimento funcionam como prova documental da conduta ética e técnica do médico.
Isso pode ser determinante para evitar a instauração de sindicância, fundamentar pedidos de arquivamento imediato ou assegurar a absolvição no mérito.
A informalidade no contexto médico é uma das principais portas de entrada para conflitos éticos e jurídicos.
Isso ocorre porque, na ausência de registros, documentos e termos formais, a palavra do paciente tende a prevalecer nos autos da denúncia, especialmente em casos de divergência narrativa.
Então, como se proteger?
Mantenha postura profissional em todas as etapas do atendimento
Mesmo em atendimentos de rotina, com pacientes conhecidos, evite:
● Comentários improvisados sobre prognósticos;
● Promessas de cura ou garantias terapêuticas;
● Sugestões sem respaldo técnico;
● Orientações não documentadas.
Toda orientação clínica deve ser registrada e, sempre que possível, reforçada por escrito.
Evite dar orientações médicas por canais informais
Mensagens por WhatsApp, redes sociais ou e-mails pessoais não substituem o prontuário nem garantem segurança jurídica.
Caso o paciente solicite informação fora do consultório, oriente-o a agendar novo atendimento ou, se necessário, registre formalmente a orientação prestada.
Formalize a comunicação com clareza
● Utilize prontuários completos e atualizados;
● Registre recusas, dúvidas e solicitações do paciente;
● Peça assinatura de termos de consentimento nos casos cabíveis;
● Solicite contrarrecibo de orientações entregues por escrito.
Evite linguagem ambígua ou técnica em excesso
A comunicação deve ser ética, objetiva e compreensível.
O paciente precisa entender, de fato, os limites do tratamento, os riscos envolvidos e o papel de cada parte no processo terapêutico.
A forma mais eficaz de se blindar contra esse tipo de acusação é assegurar que todas as suas condutas, clínicas e interpessoais, estejam em plena conformidade com o Código de Ética Médica.
Trata-se de um compromisso que vai além do aspecto técnico: diz respeito à relação com o paciente, com os colegas, com as instituições e com a própria dignidade da profissão.
Saiba como se proteger:
1. Trate todos os pacientes com respeito, humanidade e atenção
É dever do médico manter conduta digna, respeitosa e empática, mesmo diante de pacientes difíceis, situações tensas ou prognósticos limitados.
O artigo 23 do Código de Ética Médica proíbe o médico de “desrespeitar o paciente em qualquer circunstância”.
A cordialidade constante não apenas protege juridicamente, mas previne conflitos interpessoais que comumente resultam em denúncias.
Mantenha uma relação ética com colegas de profissão
Evite emitir juízo depreciativo sobre condutas médicas anteriores ou concorrentes, especialmente perante o paciente.
A crítica técnica, quando necessária, deve ser feita com base científica e tom respeitoso.
Evite autopromoção indevida ou sensacionalismo profissional
A publicidade médica deve obedecer aos critérios éticos previstos na Resolução CFM nº 2.126/2015.
Excesso de exposição, promessas de resultado ou uso de imagens de pacientes sem autorização explícita são infrações éticas passíveis de denúncia.
Respeite a autonomia do paciente, com consentimento informado
O respeito à decisão do paciente, após recebidas todas as informações necessárias, é essencial.
O consentimento livre e esclarecido não é apenas um formulário: é a formalização de uma relação baseada em confiança e responsabilidade recíproca.
Documente tudo e mantenha conduta previsível
O médico deve ser meticuloso com registros clínicos, prontuários e condutas terapêuticas.
Agir conforme os protocolos reconhecidos e registrar todas as orientações oferecidas é essencial para demonstrar boa-fé, diligência e técnica.
O primeiro contato com uma notificação do CRM é um momento crítico.
Muitos médicos, por acreditarem na sua inocência ou na fragilidade da acusação, respondem por conta própria, de maneira precipitada, sem conhecer o rito processual ético, o alcance das imputações e os riscos envolvidos.
Esse é um erro grave.
A forma como a primeira manifestação é apresentada pode determinar o rumo de todo o processo.
Ao procurar um advogado especialista em cassação do CRM logo após ser notificado, o médico garante:
Análise técnica da denúncia
O advogado irá identificar se há elementos formais ou materiais que justifiquem contestar a própria admissibilidade da denúncia, pedindo seu arquivamento imediato.
Redação de defesa prévia ou manifestação inicial adequada
A linguagem jurídica, os argumentos técnicos e a organização das provas são fundamentais para a credibilidade da resposta.
Uma defesa mal elaborada pode, inclusive, ampliar a complexidade do processo.
Organização estratégica de provas
Um especialista sabe como reunir prontuários, termos, laudos e demais documentos de forma coerente, protegendo o médico de interpretações distorcidas.
Acompanhamento durante todo o processo
Desde a fase de sindicância até eventual instrução em processo ético-disciplinar, o advogado poderá orientar nas oitivas, peticionar nos autos e garantir que os direitos do médico sejam integralmente respeitados.
Denúncias infundadas no CRM são realidades que, infelizmente, fazem parte da rotina de muitos médicos, independentemente de sua competência técnica ou ética profissional.
A forma mais segura de se proteger não é ignorar a notificação, tampouco responder de forma impulsiva. É buscar imediatamente o suporte de um advogado especialista em cassação do CRM para garantir uma defesa sólida, técnica e estratégica.
Leia também: Importância do advogado na Defesa em Processo Ético- Profissional no CRM.
Denúncias infundadas no CRM representam um dos maiores desafios enfrentados por médicos nos dias atuais.
Mesmo quando desprovidas de qualquer fundamento técnico ou ético, essas denúncias têm o potencial de gerar profundo desgaste emocional, abalo à reputação profissional e comprometimento da tranquilidade no exercício da medicina.
É por isso que a prevenção e a resposta estratégica são tão importantes.
Ao longo deste artigo, vimos que as denúncias infundadas são muitas vezes motivadas por desentendimentos, insatisfações subjetivas ou interesses alheios à boa prática médica.
Logo, o médico pode se ver injustamente envolvido em uma sindicância disciplinar que exige preparo técnico e jurídico.
Diante desse cenário, é fundamental que o profissional:
● Documente tudo no prontuário médico
● Tenha Protocolos e Termos de Consentimento
● Evite formalidades no atendimento
● Cumpra integralmente os princípios de Ética Médica
● Procure um advogado especialista em cassação do CRM imediatamente após ser notificado
Se você recebeu uma denúncia infundada no CRM, estamos aqui para ajudar, interpretar a denúncia, estruturar a defesa prévia, acompanhar todas as fases do processo e proteger a imagem e os direitos do médico com a precisão que a situação exige.
Leia também:
Sigilo Médico: Direitos e Deveres segundo o Código de Ética.
Diferença entre Sindicância e Processo Ético- Profissional (PEP).
Contrato de Prestação de Serviços Médicos: O que você precisa saber.
Até o próximo post.
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Promover soluções jurídicas eficientes, com base em ética, transparência e compromisso com os interesses reais de nossos clientes.
Com anos de experiência, construímos uma trajetória marcada pela confiança e pela busca contínua por excelência no atendimento jurídico.
A Paschoalin Berger advogados acredita e se compromete com os valores da advocacia resolutiva, tendo por base análises objetivas de probabilidade de êxito, identificação dos reais interesses.