Responsabilidade solidária entre os sócios: O que a lei permite?

Responsabilidade solidária entre os sócios: O que a lei permite?

Se você é sócio de uma empresa, é fundamental entender até onde vai a sua responsabilidade em caso de dívidas ou problemas jurídicos da sociedade.

Muitos empreendedores acreditam que basta constituir uma pessoa jurídica para estarem totalmente protegidos.

Mas a realidade não é bem assim.

A legislação brasileira prevê, em alguns casos, a chamada responsabilidade solidária entre sócios.

Isso significa que, mesmo em uma sociedade limitada, os bens pessoais dos sócios podem ser atingidos, dependendo da conduta da empresa e da gestão do negócio.

Neste artigo, como advogados especialistas, vamos explicar de forma clara o que a lei permite sobre a responsabilidade solidária entre sócios, quando ela pode ser aplicada.

Confira:

1. O que é Responsabilidade Solidária?

2. O que a Lei permite sobre a Responsabilidade Solidária dos sócios?

3. Quando a Responsabilidade Solidária dos sócios pode ser aplicada?

4. Quais os riscos de não conhecer a Responsabilidade Solidária dos sócios?

5. Responsabilidade Solidária dos sócios: Importância de contar com um advogado especialista em Direito Societário.

Vamos nessa?

1. O que é Responsabilidade Solidária?

A responsabilidade solidária ocorre quando dois ou mais sócios podem ser cobrados de forma conjunta ou individual por uma dívida da empresa.

Ou seja, o credor pode escolher cobrar de todos os sócios ao mesmo tempo ou de apenas um deles, que, depois, poderá buscar ressarcimento dos demais.

Na prática, isso significa que, mesmo que a dívida tenha sido gerada pela empresa, os bens pessoais dos sócios podem ser usados para quitar o valor, se houver fundamento legal para isso.

Mas atenção: a regra geral no Brasil é que os sócios não respondem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da empresa.

No entanto, essa proteção tem limites. Continue acompanhando no próximo tópico.

2. O que a Lei permite sobre a responsabilidade dos sócios?

A resposta é: Depende do tipo societário.

Vamos analisar os principais casos?

1. Sociedade Limitada (LTDA)

Na sociedade limitada, os sócios respondem apenas pelo valor de suas cotas no capital social.

Essa é a regra.

Mas a responsabilidade pessoal pode surgir em situações específicas:

● Se o capital social não estiver integralizado;

● Se houver confusão patrimonial entre sócio e empresa;

● Se ficar comprovada má-fé, fraude ou desvio de finalidade (teoria da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no artigo 50 do Código Civil).

Nesses casos, a responsabilidade deixa de ser limitada e pode se tornar solidária entre os sócios.

2. Sociedade Anônima (S/A)

Os acionistas, em regra, não respondem por dívidas da empresa.

Mas diretores e administradores podem responder pessoalmente se agirem com dolo ou culpa grave, conforme a Lei das S.A. (Lei nº 6.404/76).

3. Sociedade Simples ou em nome coletivo

Aqui, os sócios têm responsabilidade ilimitada.

Ou seja, podem ser cobrados diretamente pelas obrigações da empresa. Em muitos casos, essa responsabilidade também é solidária.

3. Quando a Responsabilidade Solidária dos sócios pode ser aplicada?

A responsabilidade solidária entre sócios não é a regra no direito empresarial, mas pode ser aplicada em diversas hipóteses previstas em lei ou reconhecidas pela jurisprudência.

Vejamos cada uma delas:

1. Fraude contra credores

Se houver fraude na condução da empresa, como:

● Simulação de contratos;

● Ocultação de bens;

● Transferência irregular de patrimônio.

Os sócios podem responder solidariamente.

O objetivo da lei, nesses casos, é evitar abusos que prejudiquem terceiros de boa-fé.

2. Desconsideração da Personalidade Jurídica

A teoria da desconsideração da personalidade jurídica está prevista no artigo 50 do Código Civil.

Ela permite que, em caso de abuso da personalidade jurídica, os sócios respondam com seus bens pessoais.

Esse abuso pode ocorrer nas seguintes hipóteses:

● Desvio de finalidade da empresa.

● Confusão patrimonial entre sócio e empresa.

● Utilização da pessoa jurídica para fins ilícitos.

Quando o juiz aplica essa teoria, ele pode autorizar a cobrança da dívida diretamente dos sócios, muitas vezes, de forma solidária.

3. Responsabilidade Tributária Solidária

De acordo com o artigo 124 do Código Tributário Nacional, os sócios podem ser responsabilizados solidariamente por débitos tributários da empresa quando:

● Atuam com excesso de poderes;

● Praticam infrações à lei;

● Agem com dolo ou culpa no gerenciamento da empresa.

A jurisprudência também reconhece a possibilidade de responsabilização de sócio que deixa de encerrar formalmente a empresa ou omite informações relevantes ao Fisco.

4. Dívidas trabalhistas

Na esfera trabalhista, a responsabilidade dos sócios pode ser subsidiária ou solidária, dependendo do caso.

Em muitos processos, os sócios são incluídos como litisconsortes passivos, e há decisões que aplicam a responsabilidade solidária com base no entendimento de que os sócios são beneficiários diretos da força de trabalho dos empregados.

Além disso, o sócio retirante pode ser responsabilizado por obrigações trabalhistas relativas ao período em que integrou a sociedade, conforme o artigo 10-A da CLT, especialmente se a alteração contratual não foi formalizada corretamente.

5. Responsabilidade ambiental

A legislação ambiental prevê a responsabilidade solidária de todos aqueles que contribuírem para a degradação do meio ambiente.

Assim, se a empresa causar um dano ambiental, os sócios podem ser responsabilizados solidariamente, mesmo que a atividade tenha sido realizada no nome da pessoa jurídica.

6. Responsabilidade por atos de gestão temerária

Se os sócios agirem com imprudência, negligência ou má-fé na condução dos negócios, podem responder de forma solidária por prejuízos causados a terceiros ou à própria empresa.

Esse tipo de responsabilidade é frequentemente reconhecido em Ação de Prestação de Contas entre sócios, dissolução parcial de sociedade e indenizações por má administração.

4. Quais os riscos de não conhecer a Responsabilidade Solidária dos sócios?

Se você é ou pretende se tornar sócio de uma empresa, precisa compreender um ponto fundamental: a sua responsabilidade não termina na assinatura do contrato social.

O que muitos empresários ignoram é que, em determinadas situações previstas em lei, o sócio pode ser responsabilizado solidariamente pelas dívidas da empresa, o que significa, na prática, colocar seu patrimônio pessoal em risco.

Saiba quais são os riscos de não conhecer a Responsabilidade Solidária dos sócios:

1. Comprometimento do patrimônio pessoal sem aviso prévio

Um dos principais riscos é a surpresa. Muitos empresários acreditam que, por estarem em uma sociedade limitada, o seu patrimônio pessoal está blindado. Isso nem sempre é verdade.

Quando há responsabilização solidária, bens pessoais como imóveis, veículos, contas bancárias e investimentos podem ser penhorados, mesmo que a dívida esteja exclusivamente em nome da empresa.

Se o sócio não entende isso desde o início, ele corre o risco de ver sua vida financeira afetada por atos de gestão que não controlava ou sequer conhecia.

2. Respostas judiciais tardias e ineficazes

O desconhecimento da responsabilidade solidária leva muitos sócios a negligenciar notificações judiciais, processos trabalhistas e execuções fiscais, acreditando que não são parte interessada. Isso é um erro grave.

Se o sócio não se defende no tempo certo, pode perder prazos importantes, deixando de apresentar documentos ou provas que poderiam evitar a responsabilização direta.

Em alguns casos, o sócio sequer participa do processo e, quando percebe, já tem bens bloqueados por ordem judicial.

3. Assunção de dívidas por erros ou omissões de outros sócios

Em casos de solidariedade, o sócio pode ser cobrado integralmente por dívidas contraídas por outros membros da sociedade, mesmo que não tenha participado da decisão ou sequer concordado com ela.

Esse risco é agravado em sociedades onde não há controle, fiscalização ou regras claras sobre a atuação dos sócios administradores.

A omissão ou o desconhecimento sobre a gestão da empresa pode resultar em cobranças injustas, que só podem ser enfrentadas com uma boa defesa jurídica.

4. Implicações fiscais e tributárias

A legislação tributária prevê a possibilidade de responsabilização solidária de sócios em diversas situações.

Se o sócio atua com excesso de poderes, infração à lei ou dolo, pode ser pessoalmente responsabilizado pelas dívidas tributárias da empresa.

Se ele desconhece essa possibilidade, pode continuar assinando documentos, realizando operações ou assumindo funções sem saber que está se expondo a autuações fiscais e execuções da Receita Federal.

5. Danos à reputação pessoal e à imagem profissional

Outro risco relevante é o prejuízo à reputação.

Quando o nome do sócio passa a constar em ações judiciais, execuções ou protestos, isso afeta diretamente a sua credibilidade no mercado.

Esse tipo de situação pode dificultar o acesso a crédito, inviabilizar novos negócios e manchar uma trajetória construída com esforço.

Sem saber que pode ser incluído como parte em processos por responsabilidade solidária, o sócio muitas vezes não adota medidas preventivas e paga um preço alto por isso.

6. Desorganização na sucessão empresarial

Em casos de falecimento, separação, retirada de sócio ou dissolução da sociedade, a responsabilidade solidária pode gerar disputas familiares, confusões patrimoniais e conflitos entre herdeiros.

Sem o devido planejamento, o espólio do sócio falecido pode ser responsabilizado por dívidas empresariais, comprometendo a segurança financeira de sua família. O mesmo vale para o sócio retirante que não formaliza sua saída corretamente: ele pode continuar respondendo por obrigações da empresa por até dois anos.

O mais recomendado é buscar o auxílio de um advogado especialista em Direito Societário.

5. Responsabilidade Solidária dos sócios: Importância de contar com um advogado especialista em Direito Societário.

A responsabilidade solidária entre sócios não é um tema genérico.

Ela exige conhecimento técnico e prático de direito societário, tributário, cível e até trabalhista.

Um advogado especialista em Direito Societário domina:

● As situações legais que permitem a desconsideração da personalidade jurídica;

● As cláusulas contratuais que limitam ou ampliam a responsabilidade dos sócios;

● As estratégias preventivas para proteção patrimonial;

● A defesa processual em ações que envolvem cobrança, execução e penhora;

● Os requisitos para responsabilização de sócios retirantes ou de cotistas.

Um advogado que atua em outras áreas pode até conhecer o básico, mas não terá a profundidade necessária para proteger o seu patrimônio em um momento crítico. Quando se trata de risco pessoal, o mínimo erro pode custar caro.

Como o advogado especialista irá ajudar?

O papel do advogado especializado vai muito além da defesa em processos.

Ele atua de forma preventiva e estratégica para blindar os sócios de problemas futuros.

Veja como ele pode ajudar na prática:

1. Análise do contrato social

Um contrato social mal redigido pode abrir brechas para responsabilização solidária.

O advogado especialista em Direito Societário, revisa e atualiza as cláusulas que tratam da responsabilidade dos sócios, define limites claros de atuação e protege contra exposições indevidas.

2. Planejamento societário

Se a empresa tem múltiplos sócios, é essencial estabelecer regras claras de gestão, divisão de lucros, entrada e saída de sócios, entre outros pontos.

O advogado organiza esse planejamento, evitando conflitos e definindo responsabilidades com segurança jurídica.

3. Blindagem patrimonial

O especialista atua para separar corretamente o patrimônio da empresa e o dos sócios.

Isso reduz os riscos de confusão patrimonial e evita a aplicação da responsabilidade solidária em casos de processos judiciais.

4. Atuação em processos de cobrança ou execução

Se a empresa for acionada judicialmente e houver tentativa de incluir os sócios na dívida, o advogado especialista saberá como atuar imediatamente, apresentando defesa técnica e documentos que afastem a responsabilidade pessoal.

5. Acompanhamento em alterações societárias e sucessão

Mudanças na estrutura da empresa, como saída de sócio, falecimento ou entrada de novos investidores, exigem atenção.

O advogado especialista cuida de todo o processo para evitar que o sócio que se retira continue sendo responsabilizado por obrigações da empresa no futuro.

5 Riscos de não contar com um advogado especialista

Ignorar a importância da atuação jurídica qualificada pode colocar tudo a perder.

Os riscos de não contar com um advogado especialista incluem:

1. Penhora de bens pessoais por dívidas que você sequer sabia que existiam.

2. Insegurança no contrato social, que pode ser usado contra você em uma ação judicial.

3. Falta de defesa eficaz, porque o advogado não domina a matéria e perde prazos ou apresenta argumentos frágeis.

4. Conflitos internos entre sócios, sem soluções jurídicas bem estruturadas.

5. Comprometimento da imagem e da reputação, inclusive perante o mercado e instituições financeiras.

Muitos sócios só descobrem esses riscos quando já estão sendo executados judicialmente.

Quando percebem, já perderam patrimônio, tempo e tranquilidade.

A responsabilidade solidária entre sócios é um tema sério, complexo e muitas vezes ignorado no dia a dia da gestão empresarial.

Mas ignorar esse risco não o faz desaparecer, apenas o torna mais perigoso.

Contar com um advogado especialista em Direito Societário é uma medida essencial para proteger sua segurança jurídica e o seu patrimônio pessoal.

Conclusão

A responsabilidade solidária dos sócios é um tema que exige atenção, conhecimento e estratégia.

A legislação brasileira estabelece regras específicas sobre quando ela pode ser aplicada, mas a verdade é que, na prática, muitos empresários só tomam consciência dos riscos quando já estão sendo cobrados pessoalmente por dívidas da empresa.

A ideia de que o contrato social protege automaticamente o patrimônio dos sócios é, muitas vezes, ilusória.

Existem exceções previstas em lei, hipóteses de desconsideração da personalidade jurídica e situações de gestão que podem levar o sócio a responder por obrigações da pessoa jurídica.

E é exatamente aí que mora o perigo.

Felizmente agora você já sabe o que a lei permite. Afinal, aqui nós mostramos:

● O que é Responsabilidade Solidária

● O que a Lei permite sobre a Responsabilidade Solidária dos sócios

● Quando a Responsabilidade Solidária dos sócios pode ser aplicada

● Quais os riscos de não conhecer a Responsabilidade Solidária dos sócios

● Responsabilidade Solidária dos sócios: Importância de contar com um advogado especialista em Direito Societário

Por isso, mais do que entender o conceito, é fundamental atuar com prevenção.

E a melhor forma de fazer isso é com o apoio de um advogado especialista em Direito Societário.

Só um profissional com conhecimento técnico e experiência prática poderá analisar seu contrato social, orientar sobre os limites da responsabilidade e construir medidas jurídicas eficazes para proteger seus direitos.

Se você é ou pretende se tornar sócio de uma empresa, estamos aqui para te ajudar.

E já sabe, se ficou com alguma dúvida, basta deixar nos comentários, combinado?

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Até o próximo post.

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